Ficam aqui algumas das reflexões decorrentes da realização do workshp na BAD, nos dias 13 e 14 de Dezembro, sobre Weblogs em Bibliotecas e onde se procurou "dar voz à Biblioteca no contexto digital".
quinta-feira, dezembro 16, 2004
Rescaldo do workshop na BAD sobre "Weblogs em Bibliotecas"
Publicada por Unknown à(s) quinta-feira, dezembro 16, 2004
Etiquetas: bad, biblioteca, blog, formação
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5 comentários:
Falam falam falam...
é o que me apetece dizer acerca do mundo da informação em Portugal. Há demasiados teóricos e pouca qualidade e, do meu ponto de vista, muito pouca vontade de quem podia fazer alguma coisa.
fazem-se encontros, congressos, debate-se o sexo dos anjos, o futuro da informação e blá, blá... se se procurasse dar alguma qualidade às bibliotecas e aos arquivos e aos serviços que eles prestam ou pelo menos deviam prestar...
actualmente frequento um desses pseudo cursos superiores na área da gestão da informação em bibliotecas e arquivos.. é uma lástima... desde os currículos a parte do corpo docente e às instalações e materiais de apoio, uma miséria. Como querem desenvolvimento e qualidade se não há investimento na investigação, nos profissionais, na formação?
Weblogs??? Se a maior parte das bibliotecas de leitura pública do interior do país nem um fundo documental em condições possui... quando ainda se faz tudo manualmente, não existem catálogos informatizados, os equipamentos informáticos são arcaicos, não acha que se está a tentar construir a casa sem alicerces e a começar pelo telhado?
As novas (que se calhar já não são assim tão novas) tecnologias podem ser um grande factor de desenvolvimento, mas, na minha opinião, querer dar passos maiores que as pernas pode conduzir ao belo do trambolhão...
Em relação aos arquivos então nem se fala..
Com os melhores cumprimentos,
Um info-biblio- desiludido...
P.S. não consegui ler nenhuma das conclusões referentes ao workshop...
Caro anónimo,
Lido todos os dias com a falta de condições e das infra-estruturas a que se refere. Não é só nas bibliotecas que assistimos a muita coisa por fazer. Todo o nosso país precisa de muito para poder competir numa Europa, num Mundo cada vez mais dinâmico.
A sua mensagem no entanto soa-me a derrotismo, ou seja, talvez fosse melhor não fazer nada, não dar pequenos contributos, porque o «resto» está por fazer.
Pois ao contrário de si tenho vindo a aprender a «fazer omoletes sem ovos» (leia-se, sem dinheiro). Em vez de gastar o meu tempo a lamentar as pobres condições em que vivemos, a falta de visão de muitos dos nossos lideres, a vergonha de salários que recebemos, a falta de prestigio e reconhecimento dos ditos «trabalhadores do conhecimento» no nosso país, acredito, e tenho visto provas, de que cada pequeno contributo nosso de levar e partilhar o que sabemos aos outros, pode ajudar a construir um país melhor:
- valorizar recursos
- partilhar experiências
- descobrir novas soluções
- aumentar competências
- etc.
Quanto ao conteúdo do workshop, tal como o nome indica, revestiu-se de carácter prático e não, tal como inicia a sua mensagem, de blá blá. Mas sou suspeita, fui a formadora. Melhor do que eu, talvez quem lá esteve aqui possa melhor falar sobre o conteúdo do mesmo.
Aprender que o exercício de uma cidadania activa, na qual as bibliotecas desempenham um papel muito importante, porquanto disponibilizam a informação de que necessitamos para a exercer (cidadão informado, atento, capaz de intervir porque conhece os contornos do ambiente em que se insere), não passa por lamentar o estado das coisas mas sugerir como se pode melhorar, identificar pequenas parcelas de problemas e desenhar estratégias para as melhorar, exemplo notório do que vem sendo feito aqui, no Rato de Biblioteca, pelo Pedro Principe, na divulgação e valorização de recursos existentes.
Não sei qual o nome, nem a instituição, em que está a realizar a sua formação, mas estou certa que não reflecte a maioria dos profissionais ligados à informação que tenho vindo a conhecer nestes últimos anos.
Obrigada por ter aqui trazido este assunto. Aproveito para lhe desejar um Feliz Natal,
Mónica André
Sobre quem fala, fala…
Há quem fale, fale e muito faça. Existem em Portugal muitas bibliotecas com grande qualidade. Na área da Leitura Pública de norte a sul do país sucedem-se exemplos de bibliotecas que promovem a leitura, aproximam a informação dos cidadãos, apoiam a formação dos estudantes… e participam activamente no desenvolvimento da comunidade em que se localizam. No ensino superior temos em Portugal bibliotecas que se assumem pilar central no desenvolvimento das suas universidades. São bibliotecas que em nada ficam atrás de algumas boas universidades europeias. No entanto, ninguém pode negar que infelizmente também temos exemplos de bibliotecas sem condições para desenvolver projectos de sucesso, sem recursos materiais e financeiros, sem recursos humanos habilitados. Este é o meu olhar sobre a realidade… um olhar que quer sempre valorizar mais as coisas boas… porque existindo bibliotecas com qualidade sabemos todos para onde caminhamos, e os maus serviços sabem que não estão no caminho certo, e os responsáveis por essas bibliotecas apercebem-se da existência de outras que são valorizadas pela excelência e não pela mediocridade.
Falei, Falei… mas posso indicar exemplos em… Beja, Palmela, Seixal, Famalicão, Almeida Garret no Porto, Póvoa da Varzim… Faculdade de Engenharia do Porto, João Paulo II da Católica em Lisboa, Universidade de Aveiro, Biblioteca de Arte da Fundação Caloust Gulbenkian… e muitos mais que outros poderão ainda indicar.
A propósito do comentário: falam, falam, falam.
Ainda bem que este comentário surgiu.
Quamdo é dito que há demasiados teóricos e se fazem congresso e encontros em contraponto à qualidade das bibliotecas e arquivos, eu digo que há poucos teóricos.
Esta área do conhecimento é muito recente e os seus agentes são de formação ainda mais recente que na generalidade dos outros países.
COnvido o amigo que fez o comentário de desilusão a verificar que as bibliotecas há 40 anos eram práticamente inexistentes no país, que até há 15 anos as únicas bibliotecas eram as carrinhas Gulbenkian e as salas minúsculas que autarcas desinteressados cediam à Gulbenkian. Hoje existem as novas bibliotecas públicas que cobrem já mais de metade do território nacional, cada vez mais bibliotecas escolares e bibliotecas universitárias de qualidade.
Tudo isto porque há teorização, porque há congressos e reuniões. Porque desse falar, falar, saem objectivos, reivindicações, propostas aos decisores, propostas de inovação.
E a realidade tem avançado pelos caminhos que o "falar" tem indicado. E tem sido positivo.
Se me diz que é pouco, que é necessário completar as redes de bibliotecas (escolares, públicas, universitárias), se é necessário elevar a qualidade das mesmas, introduzir inovação, estou de acordo e as formações como a da weblog nas bibliotecas é um caminho que indica pistas para a inovação.
Para melhorar as bibliotecas e arquivos é necessário rejeitar o pessimismo e o nivelamento inferior, e optar pela teorização da inovação e demonstração da qualidade. Teorizar, discutir e propor inovação é condição para tirar as bibliotecas e arquivos da situação que aponta.
Quanto à desilusão do curso que frequenta estou de acordo com o que diz Mónica André. Não reflecte o conjunto da formação no país.
Posso garantir ainda que o desenvolvimento desta área de conhecimento é resultado da formação e interesse intelectual dos profissionais de biblioteca. E esta área de conhecimento que era tradicionalmente uma técnica, de há vinte anos para cá tem-se vindo a afirmar como ciência. A melhoria da qualidade das instituições de documentação e informação são fruto da formação, reflexão e prática destes profissionais. Nada caíu do céu nem veio do exterior.
Só se melhoram as bibliotecas e os arquivos se tivermos ciência e decisão de apontarmos os caminhos inovadores.
A qualidade das bibliotecas e arquivos passa por assumir toda a inovação. E não tenhamos medo que elas não perdem todo o seu lastro histórico.
António Regedor
Simples e doce. Estou pensando em começar um blog ou cinco muito em breve, e eu definitivamente vou considerar este tema. Mantenha-os próximos!
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